segunda-feira, 30 de julho de 2012

Preferências


Recomendo a todos que gostam, e precisam conviver com crianças, o livro "COMO AMAR UMA CRIANÇA", de Janusz Korczak . É um livro belo, sensível, perspicaz e pleno de amor. Korczak morreu em Treblinka, em 1942, junto com as 200 crianças do orfanato que ele dirigia em Varsóvia.
           ..."Você diz: "Meu filho."
          Quando , senão apenas durante a gravidez, você terá o direito de dizê-lo? A batida de um coração tão pequeno como o caroço de um pêssego faz eco no seu pulso. É a sua respiração que lhe fornece o oxigênio. Um sangue comum a você circula em ambos, e nenhuma destas gotas vermelhas sabe ainda se ela será sua ou dele, ou se, será derramada, será preciso que morra em sacrifício ao mistério da concepção e do nascimento. Este pedaço de pão que você está mastigando é material para a construção das pernas sobre as quais ele correrá , da pele que o recobrirá, dos olhos com os quais ele olhará o mundo, do cérebro onde o pensamento brilhará, das mãos que estenderá para você e do sorriso com o qual ele chamará "mamãe".
          Juntos vocês irão viver um momento decisivo; juntos sofrerão uma mesma dor. O despertador tocará: pronto.
          E vocês dirão ao mesmo tempo - ele: "Eu quero viver minha vida";e você "Viva a sua vida".
          Com poderosas contrações das suas entranhas você o expulsará sem se preocupar com o sofrimento dele, e ele abrirá o seu próprio caminho com força e decisão, também sem se preocupar com o sofrimento de sua mãe.
          Ato brutal.
          Na realidade, não. Você e ele executarão mil movimentos imperceptíveis, maravilhas de habilidade, de sutileza, a fim de que, tomando cada um a sua parte de vida, não tomem além do que é devido a cada um, segundo uma lei universal e eterna.
           - Meu filho.
           Não, nem nos meses de gravidez, nem nas horas de nascimento a criança não é sua..."


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