sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Ainda restam coquinhos... e periquitos


           
            Devo dizer que hoje, apesar da grande movimentação, na Av. Presidente Vargas, perto da Ponte que já foi Grande, havia um bando de periquitos  deliciando-se com os coquinhos  aqueles amarelinhos, que grudam nos dentes da gente.  Os bichinhos faziam acrobacias para comer os coquinhos em um cacho enorme, pendente de um coqueiro  no canteiro central da dita avenida. E gritavam... e palravam...
             O que nos deixa felizes, pois não é comum que se veja um bando de periquitos nessa folia e, muito menos, degustando essa fruta, bem no centro urbano de uma cidade que já foi pacata. O alarido dos pássaros era bem forte e demonstrava a alegria por estarem ali, com tanto alimento à disposição.  Ás vezes, algum deles pegava um coquinho com o bico e saía voando por cima das cabeças de quem estava no ponto de ônibus.  O que leva a crer que devem ter seus ninhos ali naquela matinha aos pés do Cristo Redentor.
            Fiquei por um bom tempo observando. É sabido que gosto demais de pássaros e aquilo, ali, naquela hora, era um presente.  Olhei disfarçadamente em volta para ver se mais alguém estava admirando o acontecimento e assim poder fazer um comentário. Tudo que eu queria era poder falar sobre os periquitos e  a festa que faziam. Mas qual, ninguém prestava atenção! As pessoas andam muito apressadas.  E cada um se preocupava com o que lhe parecia ser mais importante, decerto. O que para todos parecia ser uma coisa banal, para mim era um acontecimento! Que alguns periquitos  viessem  tão perto do ser humano, colher frutas e festejar deveria  ser visto como algo inusitado. Ou talvez eles ainda sejam inocentes e não sabem o perigo que correm. Ou quem sabe, quisessem mesmo se mostrar, sabedores de sua graça.
            Acho mesmo que somente eu percebia a dádiva da natureza. E eu a recebi como um mimo  oferecido somente a mim. Eu,  que amo essas coisas de árvore, conversa de periquitos, cores e cheiros de coquinhos! De onde estava não podia sentir o cheiro, é verdade, mas eu adivinhava. Imaginava até a doçura das frutinhas, por isso entendia a alegria dos periquitos e era conivente com eles, apesar do lugar, da hora, do barulho...
            Mas  é bom que saibam, que nessa cidade de Pará de Minas, em meio a um trânsito caótico, barulhento, em uma avenida apinhada de pessoas, um bando de periquitos festejava  a tarde, a vida...
 E eu, eu vi isso!


Lécia Conceição de Freitas

Nenhum comentário:

Postar um comentário