sábado, 29 de março de 2014

A ÁGUA


        A questão da água em Pará de Minas perpassa por fatores políticos e humanos, os quais não nos são dado conhecer, apurar. Nós, a plebe ignara.  Há poucos dias falei  sobre isso referindo-me à água desperdiçada durante o carnaval, quando lavaram a avenida. Porém, acredito que o caso é mais complicado do que parece. Resta-nos rezar, pedindo aos céus que incuta bom senso aos responsáveis pela resolução do problema. E que faça bom uso dele.
        É fato que, realmente, a água está bem escassa. A edição da Revista SuperInteressante, desse mês de março, apresenta uma reportagem extensa e esclarecedora sobre o assunto. O autor, Salvador Nogueira,  faz um estudo, voltando  no tempo, para entender as causas das mudanças climáticas, aqui e em outras partes do mundo. Além disso, ele se baseia em pesquisas e dados do “Projeto Primo”, coordenado por José Marengo, climatologista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e dos pesquisadores do Painel Intergovernamental para Mudança Climática (IPCC) órgão da ONU. Os resultados são alarmantes, assustadores. Não é preciso ser estudioso ou entendido do assunto para perceber a gravidade da situação. E pelo visto, não há muito  a ser feito. Nesse caso, também devemos rezar, pedindo clemência pelas “lambanças” e estragos que fizemos ao planeta, pois, as conseqüências, sem dúvida,  podem levar a Humanidade ao mais completo caos. Naturalmente, uma delas é a falta d’água.
        Ainda assim, existem os céticos. Aqueles que acreditam que a água nunca vai acabar, que amanhã vai chover e tudo será resolvido. Que o nosso, é um país abençoado, que essas coisas só acontecem lá fora. Ledo engano.
        É fato que a água não vai acabar. Os fatores que possibilitaram a existência da água na Terra não sofrerão um retrocesso. A quantidade de água será sempre a mesma, porém ela será cada vez mais cara. Com o aumento da população e com as consequências de ações estritamente humanas, ficará cada vez mais escassa deixando de existir em algumas regiões o que provocará a desertificação, como já acontece em alguns pontos do Brasil, por exemplo          E existem os ignorantes. Vejo, por toda a cidade, as pessoas armazenando água. Penso que isso, além de ser uma falta de caridade, é também uma falta de consciência, total, sobre o problema. Enquanto a água está abastecendo as caixas de reserva nas partes mais baixas, ela não é suficiente para alcançar as partes mais altas da cidade. Grande parte da população fica prejudicada. Além disso, quando se armazena a água, cria-se uma ilusão de “já que temos de sobra podemos gastar”. Ainda se vê pessoas lavando quintais, passeios, carros... Aqui, no bairro São José, e em outros, também elitizados, como a região mais nobre  do São Francisco, além do Centro, é comum vermos água escorrendo pelo meio-fio.  E assim, não há economia; não há racionamento, efetivamente. 
     A sociedade deve se lembrar que a saúde está relacionada, intimamente, com a higiene. As pessoas, sem grandes recursos financeiros, que já lutam com uma Saúde precária,  não têm condições de arcar com mais esse ônus. Todas aquelas situações vistas pela mídia em regiões do mundo todo, e mais perto de nós como o Vale do Jequitinhonha, agora é real. Nesse momento, não vão adiantar doações tais como aquela roupa que você não usa mais, o brinquedo do filho que cresceu, a cesta de mantimentos dedutível do Imposto de Renda, etc. É hora de agir com Justiça e pensar no outro, de verdade. Pense que  cada litro d’água que você usa para deixar sua casa, seu carro, mais cheirosos e confortáveis, pode salvar a vida de alguém.

Lécia Conceição de Freitas



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