quarta-feira, 11 de junho de 2014

"A POÉTICA ROSEANA" Capítulo 4

4 METODOLOGIA

            Para a realização da presente pesquisa sobre a estruturação da linguagem poética em Grande Sertão: Veredas foram utilizadas, para estudos, obras de  autores renomados, assim como artigos em sítios eletrônicos e outras publicações em revistas  e anais eletrônicos, de diversos autores, contendo análises sobre a referida obra. Essa pesquisa de cunho bibliográfico teve por objetivo conhecer algumas das principais e diferentes contribuições de estudiosos sobre o tema.
            Na internet foi encontrado um grande volume de artigos e obras, de análises sobre Grande Sertão: Veredas, sendo necessário um rigor na seleção do que seria  relevante para realizar a pesquisa. Por meio de palavras-chave, em uma pesquisa por abrangência, foram feitas diversas buscas por artigos  que continham  estudos sobre o assunto. Em seguida, foi analisado detalhadamente o conteúdo desses artigos. O próximo passo, a pesquisa por profundidade, com uma seleção de novas palavras-chaves, acarretou uma análise mais primorosa dos artigos obtidos.
              O material reunido foi investigado e analisado na coleta de informações e apreensão de conhecimentos através de uma leitura sistematizada sobre o assunto propiciando o embasamento para a elaboração do trabalho.  Para esta análise buscou-se uma abordagem em forma de pesquisa qualitativa, com a finalidade de adquirir uma consciência crítica e despertar um espírito cientifico de pesquisador. Através de um caráter exploratório, tencionou-se desenvolver entendimentos concebidos sobre a obra em análise  objetivando alcançar deduções oriundas de uma reflexão avaliativa dos pontos relevantes a respeito da estrutura  da linguagem  poética e que interessavam para esse estudo.  Dessa maneira, pretendeu-se elucidar os objetivos enumerados e contribuir para as questões do âmbito proposto, bem como acrescentar observações enriquecedoras sobre a obra Grande Sertão: Veredas.
            Para realizar a pesquisa bibliográfica foram analisadas obras como Curso de Linguística Geral de Ferdinand Saussure em que ele apresenta os pressupostos teórico-metodológicos da Linguística Moderna e que terminaram por influenciar outras ciências humanas. Nessa obra ele define as quatro dicotomias que afirma existirem na fala. Para a presente pesquisa focalizou-se o estudo da dicotomia língua x fala. Embora não fosse de interesse, nesse trabalho, aprofundar nessa questão, foi de fundamental importância o estudo da obra  de Saussure, uma vez que suas teorias fundaram a ciência da Linguistica  e possibilitam o embasamento científico por comprovarem as ideias e conceitos em estudos dessa natureza.
            Outra obra analisada foi Questões de Literatura e Estética, de Mikhail Bakhtin, que defende o caráter social da língua como Saussure, porém, assentada na necessidade de comunicação. Em seus estudos, Bakhtin  distingue o discurso como fundamental no ato de comunicar-se. Na obra analisada, esse autor afirma que  o romance é uma diversidade social de linguagens organizadas artisticamente, o que resulta na estilística. Nesse sentido, foi possível entender que a linguagem criada por Guimarães Rosa é o seu estilo e que representa a sua consciência ideológica num determinado momento social e histórico em que o autor renova a língua valorizando a cultura sertaneja.
            Para o entendimento da estrutura poética roseana foi analisado o capítulo “Existe uma escrita poética?” da obra  O Grau Zero de Roland Barthes, no qual ele defende que a poesia é sempre diferente da prosa. Essa diferença não é de essência, mas de qualidade e que não atenta contra a linguagem por ser essa um dogma clássico. Para Barthes a língua encerra toda a criação literária e que o escritor nada retira dela, pois, para ele a língua está aquém da Literatura e o estilo quase além porque as imagens, um fluir, um léxico nascem do corpo e do passado do escritor e se tornam, pouco a pouco, os automotivos mesmos de sua arte.
            Analisou-se, também, a obra Estrutura da Linguagem Poética de Jean Cohen, em que o autor afirma que a poesia constitui uma forma de linguagem destinada a desempenhar uma função específica de comunicação. Para ele essa especificidade é de ordem estrutural e que acontece pelo tipo particular de relações que a poesia  institui entre os elementos do sistema linguístico. A análise estrutural dos procedimentos característicos da linguagem poética revela, neles, um caráter paradoxal em que se apresentam como uma violação sistemática da linguagem comum, ou seja o desvio linguístico. Porém, esse desvio permite ao poeta colocar em ação o mecanismo universal de compensação – a metáfora – que permite à poesia transmitir um significado de outra ordem e cumprir assim sua função especifica.

                                                                                                                                           Lécia Freitas



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