quarta-feira, 30 de julho de 2014

Terra de Nosso Senhor! E de Liberdade...

"BRASIL, MEU BRASIL BRASILEIRO, MEU MULATO INZONEIRO..."

            Gosto de afirmar que sou patriota! Sou mesmo, amo minha terra e tudo que é, genuinamente, daqui. Isso não quer dizer que não gosto das coisas de fora, da cultura de outros países. Gosto e respeito tudo! Ás vezes acho estranho, mas respeito.
            E sou católica, muito católica! Embora reconheça os erros cometidos pela Igreja, isso não tem nada a ver com minha fé. Também respeito todas as outras religiões e seus seguidores.
             Eu acredito que ser uma pessoa de bem, de caráter, independe da religião que se professa. Ou mesmo quando se é ateu. Como era o caso de Ariano Suassuna, tão aclamado, e, declaradamente, ateu, e mesmo assim falou  tão bem de Jesus Cristo e de Nossa Senhora, em O Auto da Compadecida.
            O Brasil tem um pé na Europa e um na África, e os dois na própria terra. Isso explica a diversidade! Mas, para mim, justamente essa mistura propiciou o jeito de ser de nossa gente. Por aqui temos gente da pior espécie. Sabemos disso. Mas, temos também muita gente boa. Brasileiro tem mania de falar mal de si próprio. Fala mal de tudo por aqui.
            Eu concordo que realmente, tem muita coisa ruim, muita coisa precisando de mudanças. Mas tudo que temos, fomos nós mesmos que criamos e permitimos.
            Eu costumo ouvir as pessoas dizendo que vão para o exterior onde há mais oportunidades. Pode ser! Porém essa situação também somos nós que criamos. Todas as verdades ou mentiras a respeito do Brasil, somos nós que aceitamos. E eu vejo muita gente que se realizou na vida sem roubar. Temos exemplos aqui mesmo, em Pará de Minas. Gente que trabalhou, em vez de ficar lamuriando e  se “deu bem na vida”.
O  que vejo é um Brasil como uma terra que acolhe qualquer um, de qualquer lugar do mundo. Aqui, nesta terra, as pessoas que vêm de outros lugares criam seu próprio país, ou um pedaço dele. Com sua cultura, seus costumes, suas danças, suas vestimentas típicas, suas comidas. E sua religião! Qual país tem esse acolhimento, essa liberdade como no Brasil?! Vai, qualquer um, ter esse comportamento, noutro lugar, lá fora, como aqui! Olha o que está acontecendo, no mundo por causa de religião!     Cada um achando que seu osso é maior e mais bonito! (Com todo respeito aos cães, que eu amo muito!)  Quantos morrem! E porque acham que a sua religião é a verdadeira, é a melhor! Já aqui, nesse país tupiniquim, desprezado até por seus filhos, e por aqueles que vieram para cá por diversos motivos e que se acham no direito de achincalhar, com o nosso jeito de ser, com a religião que bem ou mal,  foi a que os colonizadores, os escravos e os indígenas, nossos ancestrais,  nos deixaram, esses filhos de outras terras seguem a própria religião sem problema algum. Livres! Eu acho que isso é cuspir no prato que comem. Eu penso que quem está achando ruim, não está satisfeito, pode ir embora. O mundo é grande!

                                                                   Lécia Conceição de Freitas



terça-feira, 29 de julho de 2014

"A POÉTICA ROSEANA" Capítulo 5.5.5

5.5.5 O contador de histórias... um mundo sem fim! 

         (O Foco Narrativo)


            No foco narrativo, o autor dá voz a um narrador para contar a história, muitas vezes para transmitir a sua visão do mundo. O narrador pode ser em primeira pessoa, o eu que conta a história e é protagonista ou ainda personagem secundário.
             O foco narrativo, em Grande Sertão: Veredas, está em primeira pessoa. Riobaldo, narrador-personagem, já um rico fazendeiro, conta a sua vida a um senhor instruído, citadino, que não se manifesta, perceptível apenas pelas marcas que o narrador deixa em sua fala, como pode ser comprovado em: “O senhor aprova?” [...]
“Mas, não diga que o senhor assisado e instruído, que  acredita na pessoa dele?!.”  Não? Lhe agradeço!  (ROSA, 2006, p 10).  Na obra, o jagunço conta a sua história e fala do seu amor “de ouro e prata – Diadorima – “que nasceu pra muito guerrear.”
            Todo o discurso narrativo de Riobaldo está entremeado com o amor que sentiu por Diadorim. Ao narrar, ele fala dos fatos e das emoções que sentiu por causa desse amor:
assim eu ouvi, era tão singular. Muito fiquei repetindo em  minha mente as palavras, modo de me acostumar com aquilo.E ele me deu a mão.Daquela mão, eu recebia certezas. Dos olhos. Os olhos que ele punha em mim, tão externos, quase  tristes de grandeza. Deu alma em cara. Adivinhei o que nós dois queríamos – logo eu disse: – “Diadorim...Diadorim!” – Com uma força de afeição. Ele sério sorriu. E eu gostava dele, gostava, gostava. (ROSA, 2006, p. 156).

            É possível perceber, nesse trecho, a profundidade do amor dos dois protagonistas e a intensa carga emotiva do narrador. Embora o sentimento fosse intenso, ele não foi percebido por nenhuma das outras personagens do livro, pois os amantes não o deixavam transparecer, era indizível até mesmo nos diálogos travado entre os dois.



quarta-feira, 23 de julho de 2014

Adeus, Ariano Suassuna!

CARTA DE MATHEUS NACHTERGAELE A ARIANO SUASSUNA
"Carta para Ariano,
Quem te escreve agora é o Cavalo do teu Grilo. Um dos cavalos do teu Grilo. Aquele que te sente todos os dias, nas ruas, nos bares, nas casas. Toda vez que alguém, homem, mulher, criança ou velho, me acena sorrindo e nos olhos contentes me salva da morte ao me ver Grilo.
Esse que te escreve já foi cavalgado por loucos caubóis: por Jó, cavaleiro sábio que insistia na pergunta primordial. Por Trepliev, infantil édipo de talento transbordante e melancólicas desculpas. Fui domado por cavaleiros de Sheakespeare, de Nelson, de Tchekov. Fui duas vezes cavalgado por Dias Gomes. Adentrei perigosas veredas guiado por Carrière, por Büchner e Yeats. Mas de todos eles, meu favorito foi teu Grilo.
O Grilo colocou em mim rédeas de sisal, sem forçar com ferros minha boca cansada. Sentou-se sem cela e estribo, à pelo e sem chicote, no lombo dolorido de mim e nele descansou. Não corria em cavalgada. Buscava sem fim uma paragem de bom pasto, uma várzea verde entre a secura dos nossos caminhos. Me fazia sorrir tanto que eu, cavalo, não notava a aridez da caminhada. Eu era feliz e magro e desdentado e inteligente. Eu deixava o cavaleiro guiar a marcha e mal percebia a beleza da dor dele. O tamanho da dor dele. O amor que já sentia por ele, e por você, Ariano.
Depois do Grilo de você, e que é você, virei cavalo mimado, que não aceita ser domado, que encontra saídas pelas cêrcas de arame farpado, e encontra sempre uma sombra, um riachinho, um capim bom. Você Ariano, e teu João Grilo, me levaram para onde há verde gramagem eterna. Fui com vocês para a morada dos corações de toda gente daqui desse país bonito e duro.
Depois do Grilo de você, que é você também, que sou eu, fui morar lá no rancho dos arquétipos, onde tem néctar de mel, água fresca e uma sombra brasileira, com rede de chita e tudo. De lá, vê-se a pedra do reino, uns cariris secos e coloridos, uns reis e uns santos. De lá, vejo você na cadeira de balanço de palhinha, contando, todo elegante, uma mesma linda estória pra nós. Um beijo, meu melhor cavaleiro.
Teu,
Matheus Nachtergaele"
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Fonte: Diario de Pernambuco
Imagem: João Grilo (Matheus Nachtergale), em "Auto da compadecida" - adaptação para a TV e cinema da obra de Ariano Suassuna
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Ariano Suassuna no site: 
http://www.elfikurten.com.br/2013/09/ariano-suassuna.html

terça-feira, 22 de julho de 2014

Rubem Alves - O aprendiz de feiticeiro


Senti que o tempo é apenas um fio. Nesse fio vão sendo enfiadas todas as experiências de beleza e de amor por que passamos. Aquilo que a memória amou fica eterno. Um pôr do sol, uma carta que recebemos de um amigo, os campos de capim-gordura brilhando ao sol nascente, o cheiro do jasmim, um único olhar de uma pessoa amada, a sopa borbulhante sobre o fogão de lenha, as árvores do outono, o banho da cachoeira, mãos que seguram, o abraço do filho: houve muitos momentos de tanta beleza em minha vida que eu disse: ‘Valeu a pena eu haver vivido toda a minha vida só para poder ter vivido esse momento. Há momentos efêmeros que justificam toda uma vida’.

 Rubem Alves, em “Do universo à jabuticaba”. São Paulo: Planeta do Brasil, 2010, p. 144.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

A poetisa mineira - Adélia Prado

ENSINAMENTO

Minha mãe achava estudo
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento. 
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão, 
ela falou comigo: 
“Coitado, até essa hora no serviço pesado”. 
Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente, 
Não me falou em amor. 
Essa palavra de luxo.

Adélia Prado, no livro "Adélia Prado - Poesia Reunida", São Paulo: Editora Siciliano, 1991.


domingo, 20 de julho de 2014

O Afinador de Silêncios - Mia Couto

PARA TI


Foi para ti
que desfolhei a chuva
para ti soltei o perfume da terra
toquei no nada
e para ti foi tudo

Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que talhei
o sabor do sempre

Para ti dei voz
às minhas mãos
abri os gomos do tempo
assaltei o mundo
e pensei que tudo estava em nós
nesse doce engano
de tudo sermos donos
sem nada termos
simplesmente porque era de noite
e não dormíamos
eu descia em teu peito
para me procurar
e antes que a escuridão
nos cingisse a cintura
ficávamos nos olhos
vivendo de um só
amando de uma só vida

 Mia Couto, no livro "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"

"A POÉTICA ROSEANA" Capítulo 5.5.4

         (O Discurso)


O senhor... Mire, veja:
João Guimarães Rosa

            O discurso, em si, é uma construção linguística atrelada ao contexto social no qual o texto é desenvolvido. Ou seja, as ideologias presentes em um discurso são diretamente determinadas pelo contexto político-social em que vive o seu autor. O termo discurso pode ser definido, do ponto de vista linguístico, como um encadeamento de palavras, ou uma sequência de frases, segundo determinadas regras gramaticais e numa determinada ordem, de modo a indicar a outro  que lhe pretendemos comunicar/significar alguma coisa. Os discursos desempenham diversas funções, assumem várias modalidades e utilizam diferentes tipos  de linguagens e estilos. Entre os tipos de discurso, cita-se o discurso direto, indireto e indireto livre.
            Na obra Grande Sertão: Veredas,  a narrativa tem início com um travessão o que caracteriza o discurso direto. Josiana Drumond em seus estudos declara  que:
a narrativa começa com um travessão, signo do discurso direto. No entanto, o travessão é seguido da palavra “nonada”¹ e de um ponto final. O discurso direto em GSV configura uma situação dialógica singular, visto que o interlocutor não participa do diálogo. A alteridade em forma de silêncio é uma presença importante, pois seu mutismo faz parte do discurso. Não há troca de falas, mas há o intervalo, o reconhecimento da alteridade, o adiamento reflexivo da fala reiterada. (DRUMOND, 2005, p. 126).

            No decorrer da história, porém, comprova-se o discurso indireto no verbo discendi no pretérito perfeito e a voz do narrador-personagem  indiretamente  nos diálogos das personagens:
–“Tal a tal, o Chefe tira mais finíssimas artimanhas do que o Zé Bebelo próprio”... – um disse.
– “À fé, que determina com a mesma justiça que Medeiro Vaz”... – outro falou mais aduloso. (p.480).
–  “Arara for?’” – ele me disse (p.105).
– “Que é que a gente sente quando tem medo?” – ele indagou, mas não estava remoqueando; (p. 106).

            É Riobaldo, narrador-personagem,  que  conta a história, intermedeia e relata os fatos. Além disso, esse tipo de discurso determina a visão do foco narrativo.

 





¹ Segundo alguns estudiosos a palavra Nonada significa “coisa sem importância.” (Para alguns   habitantes do sertão mineiro, sem qualquer comprovação científica, a palavra “nonada”, significa também, negação peremptória  de algo.)

sábado, 19 de julho de 2014

Poesia

Oração do Milho


Sou a planta humilde dos quintais pequenos e das lavouras pobres.
Meu grão, perdido por acaso, nasce e cresce na terra descuidada. Ponho folhas e haste e se me ajudares Senhor, mesmo planta de acaso, solitária, dou espigas e devolvo em muitos grãos, o grão perdido inicial, salvo por milagre, que a terra fecundou.
Sou a planta primária da lavoura.
Não me pertence a hierarquia tradicional do trigo. E de mim, não se faz o pão alvo, universal.
O Justo não me consagrou Pão da Vida, nem lugar me foi dado nos altares.
Sou apenas o alimento forte e substancial dos que trabalham a terra, onde não vinga o trigo nobre.
Sou de origem obscura e de ascendência pobre. Alimento de rústicos e animais do jugo.
Fui o angú pesado e constante do escravo na exaustão do eito.
Sou a broa grosseira e modesta do pequeno sitiante. Sou a farinha econômica do proletário.
Sou a polenta do imigrante e a miga dos que começam a vida em terra estranha.
Sou apenas a fartura generosa e despreocupada dos paióis.
Sou o cocho abastecido donde rumina o gado
Sou o canto festivo dos galos na glória do dia que amanhece.
Sou o carcarejo alegre das poedeiras à volta dos seus ninhos.
Sou a pobreza vegetal, agradecida a Vós, Senhor, que me fizeste necessária e humilde
Sou o milho
.

                                                                                                                    Cora Coralina

Poesia

Das pedras

Ajuntei todas as pedras
que vieram sobre mim.
Levantei uma escada muito alta
e no alto subi.
Teci um tapete floreado
e no sonho me perdi.

Uma estrada,
um leito,
uma casa,
um companheiro.
Tudo de pedra.

Entre pedras
cresceu a minha poesia.
Minha vida...
Quebrando pedras
e plantando flores

Entre pedras que me esmagavam
levantei a pedra rude
dos meus versos.

Cora Coralina, em "Meu livro de cordel". 8ª ed., São Paulo: Global Editora, 1998, p 13.

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Faz tempo, queria contar para sua ternura,
essas coisas miúdas que nós entendemos.
Ah! Meu amigo e confrade...
As rolinhas... as últimas, fogo-pagou, cantaram a cantiga
da despedida no telhado negro da Velha Casa.
Cantaram em nostalgia toda uma certa manhã passada.
Olhei. Eram cinco, as derradeiras.
Levantaram vôo e se foram para sempre


Cora Coralina, em trecho do poema "Meu amigo (in memoriam)", do livro "Vintém de cobre: meias confissões de Aninha". 6ª ed., São Paulo: Global Editora, 1997, p.187.


Análise

RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO NA SALA DE AULA


            As relações entre professores e alunos, as formas de comunicação, os aspectos afetivos e emocionais, a dinâmica das manifestações em sala de aula fazem parte das condições organizativas do trabalho docente.
            A interação professor-aluno é um aspecto fundamental da organização da “situação didática”, porém não é o único fator determinante da organização de ensino, razão pela qual ele precisa ser estudado em conjunto com outros fatores, principalmente a forma de aula. Ressaltam-se dois aspectos da interação professor-alunos no trabalho docente: o aspecto cognoscitivo e o aspecto sócio-emocional.
            Entende-se por cognoscitivo o processo que transcorre no ato de ensinar e no ato de aprender, tendo em vista a transmissão e assimilação de conhecimentos. O trabalho docente se caracteriza por um constante vaivém entre as tarefas cognoscitivas colocadas pelo professor e o nível de preparo dos alunos para resolverem as tarefas. Não se espera que haja pleno entendimento entre professor e aluno, mesmo porque a situação pedagógica é condicionada por outros fatores, mas as formas adequadas de comunicação concorrem positivamente para a interação professor-aluno.
            Durante o trabalho docente, as perguntas e respostas dos alunos mostram como eles estão reagindo à atuação do professor, às dificuldades que encontram na assimilação dos conhecimentos.  O que possibilita diagnosticar as causas dessas dificuldades.
            Para uma boa interação no aspecto cognoscitivo é preciso levar em conta: o manejo dos recursos da linguagem;  conhecer bem o nível de conhecimentos dos  alunos; ter um bom plano de aula e objetivos claros; explicar aos aluno o que se espera deles em relação à assimilação da matéria e usar corretamente a Língua Portuguesa.
            Os aspectos sócio-emocionais se referem aos vínculos afetivos entre professor e alunos, como também às normas e exigências objetivas que regem a conduta dos alunos na aula (disciplina).  Cabe ao professor controlar esse processo, estabelecer normas, deixando bem claro o que espera dos alunos. As ações docentes devem orientar os alunos para que respondam a elas como sujeitos ativos e independentes. A autoridade do professor  e a autonomia dos alunos são realidades complementares. Do ponto de vista dessa relação, a interação entre professor–aluno não está livre de conflitos e deformações. O professor que se apresenta com autoritarismo não contribui para o crescimento dos alunos. Ao contrário, transforma uma qualidade inerente à condição do profissional professor numa atitude personalista.
            Uma das dificuldades encontradas pelo professor é o “controle da disciplina”. A disciplina da classe está diretamente ligada ao estilo da prática docente, ou seja, à autoridade profissional, moral e técnica do professor, sendo  o conjunto dessas características  que vai lhe permite organizar o processo de ensino. Para uma boa organização desse processo destacam-se o plano de aula, a estimulação da aprendizagem, o controle da aprendizagem e o conjunto de normas e exigências que vão assegurar o ambiente de trabalho escolar favorável ao ensino e controlar as ações e o comportamento dos alunos.
            Ao pesquisar com os alunos dos níveis médio e superior sua percepção  de bom professor, a autora, Maria Isabel Cunha,  percebe que está relacionada às condições básicas de conhecimento de sua matéria de ensino, suas habilidades para organizar as aulas, além de manter relações positivas.            Mas ao verbalizarem o porquê de suas escolhas os alunos enfatizam os aspectos afetivos.
            Entretanto é quase impossível distinguir atitudes do professor que se referem a esse lado da relação professor-aluno. O comportamento do professor, nem sempre é linear e totalmente coerente com uma corrente filosófica. Seu comportamento depende da sua cosmovisão. E é essa forma de ser que demonstra a não neutralidade do ato pedagógico. de onde surge a questão sobre os limites da idéia da relação professor-aluno, uma vez que essa relação passa pelo trato do conteúdo de ensino.
            A metodologia se entrelaça com a  postura do  professor  que acredita no potencial do aluno. Este valoriza o professor que é exigente, percebendo nessa atitude uma forma de interesse, se articulada com a prática do cotidiano da sala de aula. Raramente os alunos se referem ao posicionamento político do professor já que esta é uma dimensão ainda não suficientemente apreendida pelos alunos do ensino médio. Alunos universitários demonstram desejar o posicionamento político somado às boas qualidades do professor. Outro aspecto considerável na fala dos alunos é o valor que eles dão ao prazer de aprender. Eles apontam como fundamentais o senso de humor do professor e “o gosto de ensinar”.
            Existe entre os alunos e os professores um jogo de expectativas relacionadas ao próprio desempenho determinado pela escola. Por ser uma instituição social ela  é determinada pelo conjunto de expectativas que a sociedade faz sobre ela o que reproduz a ideologia dominante. Os papeis escolares estão definidos ideologicamente também na sociedade, identificados com a classe dominante, passando pelas formas de produção e distribuição de conhecimento.
            As condições de classe social dos alunos determinam um rol e expectativas sobre seu desempenho e de seus professores. As relações que acontecem entre professores e alunos acontecem no palco de uma sociedade e são profundamente marcadas pelas contradições sociais.
            Os professores vivem num ambiente complexo e, muitas vezes são incapazes de fornecer uma visão critica das escolas porque eles mesmos não a têm. Além disso, sobre o professor e o aluno há todo o peso das relações institucionais que interferem nas expectativas  de ambos.
            Alunos e professores recebem as influências institucionais e passam a exercer comportamentos de acordo com a expectativa tomada. O importante, porém é que consciência desse processo para que os protagonistas do processo pedagógico não sejam manipulados por ideias que nem sempre gostariam de servir.

Análise de estudo dentro da disciplina Didática, do curso de Magistério.

Lécia Freitas


                                                       






            

Análise

INTRODUÇÃO

           O presente trabalho visa um estudo sobre a Companhia de Jesus e a importância do seu papel na educação, no Brasil Colônia.
            Em uma síntese do artigo, e de acordo com as orientações determinadas pelo professor, mostra-se as ações dos jesuítas, seus objetivos e suas consequências na formulação da política educacional brasileira.
            Considera-se de suma importância a contribuição dos jesuítas na catequese indígena, na  formação das bases  educacionais e da sociedade brasileiras.
         Todavia, questiona-se a responsabilidade na aculturação e consequente fragmentação das tribos nativas.
 
 A EDUCAÇÃO JESUÍTA NO BRASIL COLÔNIA

               A influência da educação jesuítica não se restringiu apenas no período que por aqui se estabeleceram. Também em outros períodos encontram-se reminiscências dessa educação, marcando profundamente a orientação religiosa no ensino brasileiro uma vez que a política colonizadora foi ao mesmo tempo religiosa e regalista.
Através do dos colégios e das missões, realmente auxiliaram no processo de colonização brasileira. Transformaram este país em país católico, de língua portuguesa, defenderam a cultura dominante cristã ocidental. Eles foram ainda intelectuais orgânicos da empreitada portuguesa no Brasil. Com isso adquiriram, além do poder religioso que só deviam obediência ao Papa, o poder temporal. Por isso, para o Marquês de Pombal, a Companhia da Jesus transformara-se em um verdadeiro Estado dentro do Estado Português.
            A posição do Estado em face da Igreja em Portugal pode ser considerada de fidelidade a autoridade papal. Este foi um dos poucos Estados que aceitou, sem restrição, todas as decisões do Concílio de Trento. Essa fidelidade levou o Estado português a auferir diversos benefícios concedidos pela Santa Sé.
Da relação entre Igreja e o estado surge o padroado. Com ele compete ao Rei de Portugal a escolha de Bispos, decretar leis e censuras eclesiásticas, erigir locais destinados à pregação religiosa e executar a cobrança e a administração dos dízimos eclesiásticos devidos pelos habitantes das terras do padroado. Essas são as duas principais características do padroado.
            Os padres jesuítas foram os primeiros professores, do Brasil, numa abordagem de educação formal – escolarizada.  Fundada por Santo Inácio de Loyola, em 1534, no papado de Paulo III, essa Ordem realizava operações na igreja para enfrentar as críticas reformistas e a expansão do Protestantismo. Eles atuaram  na  arregimentação de incrédulos e na arrecadação de fundos com o objetivo de combater a Reforma Protestante que se constituía num duro golpe para a Igreja Católica. 
            No Brasil, exerceram um papel de destaque tanto na educação como na catequese dos índios e dos colonos e na organização burocrática da nascente sociedade brasileira. Em 210 anos eles catequizaram os índios, educaram os filhos dos colonos formaram novos sacerdotes e a elite intelectual brasileira , promoveram o controle da fé e da moral dos habitantes e a unificação da língua portuguesa no país.  As crianças órfãs da Coroa trazidas pelo Rei eram catequizadas junto com as crianças indígenas com o objetivo de que elas interagissem e ensinassem a língua do branco aos adultos o que contribuiu na implantação da cultura cristã. Posteriormente, os jesuítas passam a instruir apenas os descendentes dos colonizadores cabendo aos índios, e depois aos mestiços e negros, a educação para o trabalho através do convívio realizado nas chamadas Missões. Este tipo de educação privilegiou o trabalho intelectual em detrimento do manual, o que acabou legitimando a divisão social no Brasil
            Os jesuítas criaram as Missões  em áreas distantes dos brancos, onde a sua verdadeira teocracia era colocada em prática, com a finalidade de extirpar os costumes nativos, entre eles as bases da organização tribal. Os indígenas mandavam as crianças para a escola de manhã, à tarde e à noite, tornando-se sedentários e monogâmicos, deslocando-se de sua cultura nativa para adquirir traços da cultura européia dos portugueses.
            A estrutura e o currículo do ensino jesuítico traziam as marcas do plano de ensino Ratio Studiorum. Promulgado em 1599, previa um currículo e um método único para os estudos escolares dividido em dois graus, supondo o domínio das técnicas elementares de leitura, escrita e cálculo.
Mantendo a unidade e ação e cultivando a disciplina, a tenção e a perseverança nos estudos os jesuítas adaptaram ao Brasil a proposta de Ratio Studiorum.                      
Assim,  estruturam no Brasil 4 grades de ensino sucessivos e propedêuticos: o curso elementar, o curso de humanidades, o curso de artes e o curso de teologia. O elementar ensinava as primeiras letras e a doutrina cristã. O curso de humanidades, em Latim, abrangia o ensino da gramática retórica e das humanidades. O ensino das línguas grega e hebraica foi substituído pelo tupi-guarani o que facilitou a ação das missões.
            O curso de artes (ciências naturais ou filosofia)  durava 3 anos e nele ensinava-se lógica, física, matemática ética e metafísica formando bacharéis e licenciandos.
            O curso de teologia, de quatro anos de duração, conferia o grau de doutor e estudava a teologia especulativa. Dentre os 17 colégios jesuítas no Brasil Colônia, todos, além dos seminários, tinham cursos elementares, boa parte  oferecia curso de humanidade e 8 tinham cursos de artes e teologia. Os cursos de humanidades arte e teologia eram destinados a formar padres e a elite dirigente local da dependência. Apesar de a educação estar nas mãos dos religiosos, os colégios eram públicos porque sua atividade era subsidiada pelo Estado. Para manter a dependência da Colônia, o Rei de Portugal proibiu a criação de Universidades no Brasil.
            A implementação do método de ensino se deu por intermédio do formalismo pedagógico. Este formalismo consiste na contradição existente entre os princípios cristãos europeus e os ensinados nas escolas e a realidade moral dos trópicos. O formal se contrapõe ao real, existindo um contraste entre as práticas e princípios ensinados nas escolas, nos colégios, na Igreja e os efetivamente vividos na prática. Ou seja, o que era dito não era a realidade. O importante não é ser,  mas parecer correto.
             Nesse sentido, pode-se afirmar que esse método catequizador/educacional  mantém raízes até os dias atuais, quando é sabido que somente a elite dominante tem acesso a um ensino de qualidade capaz de  favorecer melhores condições de vida ao indivíduo.                  

CONCLUSÃO


           Ao término do estudo pode-se afirmar que a Companhia de Jesus teve um papel de destaque dentro da Igreja Católica, na difusão da cultura cristã, não só na Europa, mas principalmente no Brasil Colônia.
            Assevera-se a importância dos jesuítas na catequização dos indígenas brasileiros, além da educação oferecida aos nativos e aos negros e colonos.
            Ressalta-se a contribuição jesuítica na edificação de escolas em diversos pontos do território nacional e a participação fundamental na formação da sociedade brasileira.
            Contudo, deve-se considerar a  aculturação dos povos indígenas promovida por ações dos jesuítas, durante o processo de catequização. Esse processo  facilitou a escravidão o que culminou  no extermínio de milhares de nativos.

Análise de apostila sobre a Educação Jesuítica no Brasil-Colônia, da disciplina História da Educação.

                                                                                                                                         Lécia Freitas
















Análise

CONTEÚDOS ESCOLARES: A QUEM
COMPETE A SELEÇÃO E ORGANIZAÇÃO?


            O texto da apostila apresenta que a seleção e organização dos conteúdos de aprendizagem eram feitas de forma técnica até em meados da década de 1980 e realizada pela escola. Na segunda metade dessa década, essa questão foi mudada por educadores progressistas, que determinaram que a seleção e organização dos conteúdos fossem uma tarefa somente do professor. A finalidade do estudo é examinar as técnicas de didática daquela época, analisada por vários autores e professores. Dessa forma, pretende-se auxiliar os futuros professores nessa tarefa.
            Pelo estudo do texto percebe-se que existem diversas opiniões e teorias quanto a essa seleção e organização, no entanto todas concordam com a importância desse ato, e priorizam que o contexto histórico, psicológico, emocional e experiências anteriores do aluno, devem ser observados para a escolha e ensino dos conteúdos. Para isso, o aprendizado foi divido em etapas: abordagem da didática teórica, da didática prática e os determinantes da dicotomia teoria/prática.       
          A didática teórica apresenta a existência de teorias diferentes para cada tipo de escola, e todas elas ressaltam a importância da tarefa de seleção e organização dos conteúdos pelo professor e que ele é o único que detém o controle sobre o processo e produto do seu trabalho.
            A didática prática nos mostra em contraposição à teórica, que na verdade a seleção dos conteúdos e organização é feita pela escola, e ao professor é dado um plano curricular que deve ser trabalhado ao longo de um período. Os professores, muitas vezes, não concordam com essa seleção, pois os conteúdos são definidos nos critérios políticos, disfarçados sob critérios técnicos. Esses estão fora da realidade dos alunos e/ou, são informações sem necessidade, quando outros conteúdos mais importantes não são trabalhados, por isso os professores adequam o ensino o mais próximo da realidade e interesses dos alunos.  
            Os determinantes da dicotomia teoria e prática, na formação do professor, nos mostram que, na verdade, o professor vive no mundo capitalista e não tem nenhum controle sobre sua profissão, ele apenas executa o que lhe é  determinado. Nessa concepção é imprescindível a seleção e organização dos conteúdos na perspectiva teórico-prática, como forma de vivenciar e refletir e sistematizar o conteúdo definido.
             Pode-se perceber nos últimos anos, o desejo dos professores de modificar a prática docente, e como ponto de partida a importância de tomar a prática social dos alunos como centro das reflexões no tratamento de seleção e organização dos conteúdos.   

Estudo apresentado sobre apostila da disciplina Didática, do curso de Magistério

Lécia Freitas 



REINVENTANDO O ENSINO MÉDIO

  RESUMO

REINVENTANDO O ENSINO MÉDIO

          O Governo de Minas Gerais vem buscando implementar políticas públicas que atendam qualitativa e efetivamente os jovens com o Projeto Reinventando o Ensino Médio, que  tem como proposta a ressignificação da escola pública.  São três os princípios fundamentais do Projeto REM: significação/identidade do Ensino Médio, empregabilidade e qualificação acadêmica.
            No inicio do ano de 2012, a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais deu início ao plano piloto em 11 escolas da rede estadual de ensino. Em 2013, a SEE/MG promove a expansão do Projeto REM em 122 escolas da mesma rede. Em 2014 o Projeto estará universalizado em todas as escolas públicas mineiras.
            A Resolução SEE nº 2.197, em seu art. 3º aponta os norteadores das ações pedagógicas e o compromisso com a permanente construção de um sistema de ensino atento às características da sociedade contemporânea.
            As 11 escolas do projeto piloto devem seguir as orientações constantes na Resolução SEE  nº 2.030 que regularizarão os atos escolares do 1º e 2º anos do ensino médio. Já a Resolução SEE nº 2.017, nesse caso servirá para regularizar os atos escolares  do 3º ano.
            Quanto às 122 escolas integrantes do Projeto REM em 2013, deverão se pautar pelas normas expressas na Resolução SEE nº 2.251, no que se refere à regularização dos atos escolares  praticados no 1º ano de Ensino Médio, e na Resolução SEE nº 2.017, para a regularização dos atos escolares atinentes aos 2º  3º anos do Ensino Médio. A organização curricular do Projeto REM assegura 200 dias letivos anuais para o desenvolvimento da formação geral e da formação específica.
            As escolas que implementarem o REM em 2014 deverão seguir as normas da resolução da universalização, que será publicada posteriormente.

2 – DEFINIÇÃO DAS ÁREAS DE EMPREGABILIDADE PELA COMUNIDADE ESCOLAR
            A escola é democrática a partir do momento em que a comunidade escolar toma a consciência de seu papel na construção do diálogo participativo e democrático. Uma vez que a escola não é um órgão isolado do contexto global do qual faz parte, as ações desenvolvidas devem se voltar para as necessidades comunitárias.
            Mudar todo o sistema na cultura escolar não é um processo simples. A escola deve ser percebida como um ponto de partida na construção do saber sistematizado, promovendo o desenvolvimento do ser humano, por meio das características individualizadas, da autoestima do educado e do educador, considerando o aluno como um cidadão crítico e consciente.
            É nesse sentido, da participação de toda a comunidade escolar, que a Secretaria de Educação de Estado de Minas Gerais promove a universalização do REM em todas as escolas públicas do estado.
            Para alcançar esse objetivo, o Diretor Escolar, o Colegiado Escolar e a Equipe Pedagógica deverão convocar uma assembléia escolar que contará com a participação de todos para se inteirarem do projeto e para escolherem três, entre as dez áreas de empregabilidade ofertadas pra SEE/MG. Uma ata deverá ser lavrada, constando todos os pormenores e explicações detalhadas das áreas de empregabilidade escolhidas e com a assinatura de todos.
            Após esse procedimento o Diretor Escolar deverá, através do SIMADE, proceder à informação das três áreas escolhidas pela comunidade. No próximo passo a Equipe Gestora da Escola deverá divulgar para a comunidade escolar as áreas escolhidas e os documentos referentes, bem como promover entre os professores reuniões para verificar os interessados, e com perfil, em trabalhar com as  áreas de empregabilidade. Os professores optantes por essa modalidade de ensino não sofrerão quaisquer prejuízos. As 133 escolas que já implementaram o Projeto não poderão trocar ou fazer nova escolha de área de empregabilidade enquanto não formarem as primeiras turmas.

3 – ENTURMAÇÃO INICIAL DOS ALUNOS
            Para iniciar o ano letivo e fazer o Seminário de Percurso Curricular, caberá à escola realizar a enturmação dos alunos de forma habitual, inclusive no SIMADE, respeitando as determinações legais, que estabelecem normas para a organização do Quadro de Pessoal das Escolas Públicas e a designação de função pública na rede estadual de educação básica.
            Destacam–se algumas das competências da Diretora da Escola: observar quantidade de alunos permitidos por turma; solicitar a autorização expressa da SRE à qual se encontra jurisdicionada, para a organização de turmas com número de alunos inferior aos parâmetros legais; solicitar uma autorização expressa da SRE, por meio do SIMADE, se for necessária a criação de nova(s) turma(s) além do limite autorizado para a Escola, desde que o número de alunos não enturmados exceda 50% dos quantitativos estabelecidos.
            Para essa solicitação junto à SRE, alguns quesitos devem ser observados pela Direção da Escola: verificar se as turmas formadas pela escola foram adequadamente alocadas nas respectivas salas de aula; redistribuir os alunos não enturmados nas salas observando o princípio da razoabilidade; redefinir o turno de funcionamento de uma, ou até mais turmas, evitando a criação de nova(s) turma(s) desnecessariamente.
            Todo esse processo de enturmação deverá ser feito na primeira semana de aula, bem como a organização do quadro de horário das aulas de cada escola, sendo que no diurno deverá  ser incluído o sexto horário. O noturno deverá ser organizado de forma habitual, respeitando-se a legislação e as escolhas da comunidade, no que se refere à duração do módulo-aula.
            A SEE/MG sugere que no primeiro dia de aula seja feita a divulgação do Seminário de Percurso Curricular do sexto horário e das possíveis modificações em cada escola, bem como a utilização de outros ambientes.

4 – SEMINÁRIO DE PERCURSO CURRICULAR
            Esse Seminário deve ocorrer no início do ano letivo para que os alunos e seus responsáveis possam conhecer a proposta do Projeto REM e escolherem a área de empregabilidade mais próxima de sua realidade.
            A experiência vivenciada nas 11 escolas do projeto inicial, e nas 122 escolas de 2012, possibilitou  tecer considerações válidas para a realização bem sucedida do Seminário de Percurso Curricular.
            O Seminário ocorrerá nas escolas, no período determinado pela SEE/MG, e deverá constar no calendário escolar. Ao realizá-lo cada escola devera elaborar um relatório, em duas vias, sendo que a primeira será encaminhada para a SRE e a segunda via deverá ficar arquivada na escola. No relatório deverá constar a explicitação de desenvolvimento do Seminário de Percurso Curricular.
            Cada escola deverá planejar as estratégias didáticas a serem utilizadas no seminário com diferentes abordagens, visando a possibilitar desdobramentos em sala da aula.
            Entre as orientações a serem consideradas pelas escolas destacam-se: a viabilização, pelo Diretor, dos materiais e equipamentos  necessários, dentro das condições da Caixa Escolar e da Escola, assim como assumir a responsabilidade do evento, inclusive ampla divulgação; a equipe pedagógica da escola será responsável, juntamente com os professores das áreas de empregabilidade, pela apresentação e realização do Seminário, pela organização do processo de opção dos alunos por uma determinada área de empregabilidade e pela enturmação dos alunos do 1º ano do Ensino Médio. Além disso, a equipe pedagógica deverá ter pleno conhecimento do Projeto REM e o domínio de todo  assunto a ser abordado durante as apresentações. Para isso é imprescindível a leitura minuciosa das Resoluções SEE referentes, além de outros materiais pertinentes recomendados e disponíveis no site da SEE/MG, no link do Reinventando o Ensino Médio, no Centro de Referencia Virtual, em jornais e revistas específicos.

 5 – ESCOLHA DA ÁREA DE EMPREGABILIDADE
            As ações do Reinventando o Ensino Médio visam a proporcionar aos estudantes mineiros, uma educação significativa, com qualidade e verdadeiramente inclusiva.
            Após o Seminário de Percurso Curricular é relevante que o aluno  tenha a compreensão de que com o Projeto REM não haverá perda das disciplinas habituais e comuns ao currículo do Ensino Médio tradicional e que as novas disciplinas irão incorporar novos conteúdos somando-se às demais áreas de conhecimento que já compõem o currículo escolar.
            Com vistas a evitar problemas e reclamações futuras por parte do aluno e responsável, sugere-se às escolas seguirem as orientações apresentadas no texto entre as quais destacamos: ao término do Seminário, o Diretor deverá ficar à disposição dos alunos e seus familiares pra sanar todas as dúvidas que possa surgir; a escolha da área de empregabilidade é um direito do aluno e de seus familiares. Cabe à escola apenas orientá-los para que possam  fazer a escolha mais adequada à realidade da comunidade.

6 – REENTURMAÇÃO DOS ALUNOS
            As turmas deverão ser organizadas de acordo com as opções indicadas pelos alunos, respeitando-se o critério quantitativo dos alunos por turma, conforme disposto em Resolução da SEE/MG e nas informações constantes nesse caderno. Sendo suficientes as escolhas dos alunos, basta remanejá-los e agrupá-los de acordo com sua escolha. Caso as escolhas dos alunos não possibilitarem a formação de uma nova turma, a escola deverá manter as turmas já criadas, agrupando os alunos nos horários correspondentes às aulas de empregabilidade, de acordo com orientações do SIMADE.

7 – IMPLEMENTAÇÃO DO SEXTO HORÁRIO NO TURNO DIURNO
            A implementação do sexto horário no turno diurno pode ser um gerador de conflitos nas escolas. O REM defende a resolução de conflitos por meio da produção de um novo consenso ou do estabelecimento de um acordo mínino, com a formação de novas ideias  e novas posturas.
            Para que  as escolas consigam proceder à implementação dessa carga horária  é preciso instaurar uma mediação habilidosa do Diretor e equipe pedagógica  junto à comunidade escolar, mostrando-lhes a importância da sua permanência na escola e a contribuição valorosa que esse fator representará em suas vidas.
            Os professores deverão desenvolver, no sexto horário aulas mais criativas e significativas capazes de desenvolver no aluno o desejo  de permanecer na escola e trazendo–lhe o papel de sujeito partícipe dessa transformação.
            No turno diurno, o acréscimo do sexto horário na carga horária diária permite o cumprimento da carga horária total de 3.000 horas necessárias para a conclusão com sucesso do Ensino Médio.

8 – CONTEÚDOS INTERDISCIPLINARES APLICADOS
            No turno noturno o acréscimo da carga horária deverá ser viabilizada por meio de atividades extraclasse totalizando 500 horas, sendo que, 300 horas são Conteúdos Interdisciplinares  relacionados aos Conteúdos básicos, e 200 horas para os Conteúdos práticos nas áreas de empregabilidade.
             De acordo com a SEE  nos procedimento do REM, fica a cargo da escola a disposição do trabalho interdisciplinar, onde deverá com a participação de todos os professores o cumprimento da carga horária anual de 100 pelos alunos. Deverá ser divida essa carga horária por períodos á escolha da comunidade escolar, para que não haja acúmulo das atividades dos alunos e não comprometa o ensino-aprendizagem.
            A escola fará um relatório dos procedimentos aplicados, das atividades e seus resultados obtidos, da carga horária destinada, e da participação dos alunos, isso inclui falta ás disciplinas e comprovação por meio de atestados médicos. Esses relatórios deverão ser arquivados nas pastas individuais dos alunos, e em um diário próprio.  
            Para fins do desenvolvimento do projeto dos Conteúdos Interdisciplinares Aplicados para o Ensino Médio Noturno e para o cumprimento das 100 horas anuais sugere-se que na primeira reunião sejam estabelecidas prazos e datas para a elaboração desse projeto. Entre os conteúdos fundamentais a serem cumpridos destacam-se a definição do tem e a articulação do projeto com a proposta pedagógica  da escola.
            Sugere-se o registro das discussões de cada etapa do projeto  com a participação efetiva dos alunos.

9 – CONTEÚDOS PRÁTICOS DAS ÁREAS DE EMPREGABILIDADE DO NOTURNO
            Caberá à escola desenvolver atividades/relatórios ou projeto de caráter prático para o aluno cumprir os horários da carga horária. As atividades da área de empregabilidade serão desenvolvidas pelo aluno de quaisquer turnos, e monitoradas pelos respectivos professores dessa área e deverão ser registradas, com o lançamento da carga horária utilizada, em um diário próprio de acordo com o modelo utilizado pela escola. Esse diário poderá ser consultado pelo Serviço de Inspeção Escolar, órgãos da SEE, SRE, pela direção da escola e pela família do aluno. As informações deverão constar, também, no livro de Ata de Resultado Final, no Histórico Escolar e lançadas no SIMADE.
            Em relação ao Conteúdo Prático da carga horária, as atividades poderão ser as mesmas nos dois turnos, com o recolhimento das atividades para comprovação da mesma, com as assinaturas do professor e aluno. O registro das atividades deverá  ser arquivado nas pastas individuais dos alunos,
            Sugere-se o desenvolvimento de um projeto simples, formatado com os mesmos princípios dos projetos destinados aos Conteúdos Interdisciplinares Aplicados, devendo atender às expectativas da comunidade escolar, quando ocorrer a inexistência de turmas das áreas de  empregabilidade do Projeto REM, no turno diurno na escola.
            A razão desse projeto é de tornar a aprendizagem significativa onde o aluno busca e consegue informações que convergem para a construção e ampliações das estruturas do pensamento. Dessa forma disporá de meios para desenvolver a parte prática  do Currículo de Reinventando o Ensino Médio, com a análise de pontos de vista diferentes, para que seja incentivado a refletir para argumentar em defesa de  suas ideias.
            No REM noturno é expressamente proibido distribuir as aulas do conteúdo prático entre os professores efetivos ou efetivados da escola e está vetada a designação de professor para esta área.

10 – ADEQUAÇÃO AO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO E AO REGIMENTO ESCOLAR
            De acordo com o art. 12 da LDBEN nº 9.394/96, os estabelecimentos de ensino, respeitando as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de elaborar e executar sua proposta pedagógica. O mesmo diploma legal, em seu art. 88, §1º, exige que as instituições educacionais adaptem seus estatutos e regimentos aos dispositivos desta Lei e às normas dos respectivos sistemas de ensino, nos prazos estabelecidos. Assim, a escola deve adequar o Projeto Político Pedagógico e incluir no Regimento Escolar, emenda específica referente ao REM. Esse assunto deverá ser rediscutido e reformulado em Assembléia Geral, em conformidade com A Resolução SEE nº 2.197.
            As escolas que fazem parte do Projeto REM  deverão protocolizar, na SRE, cópia do PP e do RE para análise e aprovação.

11 – DISTRIBUIÇÃO DE CARGA HORÁRIA E CONTEÚDO CURRICULAR DAS ÁREAS DE EMPREGABILIDADE
            As aulas da área de empregabilidade deverão ser distribuídas entre os professores efetivos e efetivados da escola que irão passar por capacitação durante o ano letivo. Se persistir a necessidade de professores para a área da empregabilidade, as escolas deverão, juntamente às SRE e ao Serviço de Inspeção Escolar, buscar alternativas para assegurar o atendimento aos alunos. Esse professor deverá planejar e organizar o conteúdo a ser ministrado, conforme o plano curricular, e acessar as propostas curriculares, das referidas áreas, no CRV.
            Cada professor deverá aprofundar os conhecimentos específicos, nas propostas curriculares, as referências iniciais indicadas pelos consultores, sempre com o olhar voltado para a aprendizagem significativa que promova o sucesso do aluno de acordo com suas necessidades. Os professores que optarem por trabalhar na área da empregabilidade terão todos seus direitos mantidos.

12 – PARTICIPAÇÃO EM CURSOS DE FORMAÇÃO
            No decorrer do ano letivo, a SEE/MG, promoverá cursos de formação para os professores das áreas de empregabilidade, onde poderão sanar suas dúvidas.
            A metodologia a ser utilizada nesses cursos ainda está sendo desenvolvida e será encaminhada às SRE e escolas, quando for concluída.
            Pretende-se que os professores aprendam a explorar as possibilidades que o Projeto oferece, estimulando o desenvolvimento dos alunos e contribuindo com sua aprendizagem.

13 – ESTUDO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA
            Conforme dispõe o art. 26, §5º da Lei Federal nº 9.394/96, “ na parte diversificada do currículo será incluído, obrigatoriamente, a partir da quinta série, o ensino de pelo menos uma língua estrangeira moderna”.
            A Escola deverá ofertar em caráter obrigatório, uma LEM  - Inglês ou Espanhol – cuja escolha ficará a cargo da comunidade escolar. Faz parte do currículo de cada escola a oferta de 2 módulos- aula para a LEM obrigatória para o aluno, a segunda LEM com 1 módulo-aula de oferta obrigatória pela escola e de matrícula facultativa pelo aluno.
            Na hipótese de não ocorrer, por parte do aluno a escolha da segunda LEM a ser ofertada, caberá à instituição destinar este módulo-aula semanal para o conteúdo de LEM ofertado em caráter obrigatório, uma vez que a LDBEN  não permite uma carga horária abaixo do estabelecido.

14 – HISTÓRICO ESCOLAR E FICHA INDIVIDUAL DO ALUNO
            A Equipe do REM, juntamente à Superintendência de Organização e Atendimento Educacional – Diretoria de Funcionamento e Regularidade da Escola e Equipe do SIMADE da Secretaria de Estado de Minas Gerais, desenvolveu um modelo de Histórico Escolar que traz campos com espaços suficientes para serem utilizados pelas escolas destinando-se a lançamentos das áreas de empregabilidade do Projeto REM.
            Nenhuma escola ou SRE possui autorização para alterar um documento oficial da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais.

15 – ESTÁGIO CURRICULAR
            A legislação que trata do Ensino Médio regular e do  REM  menciona o estágio curricular, porém ele não é  de caráter obrigatório. Todavia,  a sua previsão deverá constar do PPP e do RE, e a escola deverá receber e arquivar todos os documentos do aluno quanto á sua participação do estágio, junto ao histórico  escolar do mesmo.
           
16 – AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR
            As áreas de empregabilidade são  um componente curricular que objetiva  contribuir para a formação dos alunos, por isso a forma de avaliar o conhecimento e suas habilidades, deve também passar por um amplo debate dentro das escolas.
            A Subsecretaria de Desenvolvimento da Educação Básica emitiu um ofício circular que contém orientações, que devem ser adotadas por todas as escolas estaduais,  acerca da avaliação das áreas de empregabilidade do REM.

17– MATRÍCULA, ADAPTAÇÃO PEDAGÓGICA E REMANEJAMENTO DE ALUNOS
            O atendimento às solicitações de vagas e à efetivação da matrícula para o Ensino Médio, devem ser assegurados nas escolas estaduais, mesmo sem o cumprimento do currículo REM, para manter a permanência dos alunos nessa etapa da educação básica. Cabe à escola permitir-lhes, ainda escolher a área de empregabilidade pretendida no turno que forem frequentar, dentre aquelas áreas ofertadas pela escola.
            Os alunos, que vierem a ser remanejados entre os turnos existentes, poderão trocar a área de empregabilidade já cursada em outro curso, desde que se faça adaptação pedagógica para a continuidade do percurso escolar.
            Nas 133 escolas onde o projeto já está implementado, se o número de alunos não for suficiente para a composição de uma turma, observando o mínimo de 20 alunos, far-se-á necessário proceder ao agrupamento de alunos de outras áreas de empregabilidade, e  registrar esse procedimento na ficha individual do aluno, no SIMADE e no histórico escolar.
            O Diretor e o Secretário da escola, juntamente com a Equipe Pedagógica do Reinventando o Ensino Médio,  deverão elaborar um relatório apontando todos os procedimentos adotados, datando e  colhendo assinaturas de todos os envolvidos nesse processo, e esse deverá  também ser arquivado na ficha individual do aluno.

 Trabalho avaliativo da disciplina Didática. Resumo da apostila Reinventando o Ensino Médio

Lécia Freitas