sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Antropologia

Cultura de Massa
A cultura de massa é aquela veiculada pelos meios de comunicação de massa, como televisão, rádio, jornais e revistas de grande circulação, cinemas e internet.
A comunicação de massa alterou, profundamente, as condições de transmissão de saber. Há muitas pessoas que julgam tais inovações tecnológicas e culturais fundamentalmente positivas, mas elas são bastante polêmicas.
O primeiro ponto polêmico é o que diz respeito à massificação. Por sua dimensão industrial e sua  produção em grande escala, a comunicação de massa viabiliza produtos em custos relativamente bem menores que os de produção artesanais ou de pequena escala. Com isso ela aumentou o volume de oferta e o alcance de seu mercado, o que a torna mais acessível e acelera a circulação de informações e conhecimentos. De que forma isso se dá? Reproduzindo milhares de consumidores. Esse tipo de cultura é, por isso, chamado de massificação porque não cuida de cultivar gostos específicos. Ela foi se sofisticando e criando linhas de produtos para cada estilo de consumo. Contudo, ainda assim, não há nada que estimule a individualidade nas pessoas do mesmo padrão de consumo. Veja bem que, para a indústria cultural, os indivíduos são, antes de tudo, consumidores. Deles espera-se que consumam e não criem por si.
O estímulo à passividade é assim um segundo ponto crítico na cultura de massa. Até algumas décadas atrás, as pessoas costumavam reunir-se para cantar em muitas situações em que, hoje em dia, escutam rádio ou cd. Aquela cantoria poderia não ser muito afinada, mas exigia uma participação ativa. Parece que, agora, exercitamos mais a observação ou a contemplação, do que a participação. Várias atividades que exigiam a presença e a movimentação de multidões, como festividades, jogos, missas e comícios, vão sendo substituídos por programas televisionados, a que as pessoas assistem confortavelmente em suas casas. Entretanto, ver pela TV não é o mesmo que estar lá, no meio desses eventos.
Parece que, pelos meios de massa, temos muita notícia e informação, mas sempre como espectadores e quase nunca como participantes e criadores de cultura. Enquetes eletrônicas, do tipo “você decide”, são, de certa forma, interativos. Pense, porém, no nível de participação comparativamente às manifestações não medidas pelos veículos de massa. Repare, também, como sua “participação” não interage com o processo de participação do outro, que permanece anônimo e distante.
As informações são veiculadas até que estejamos satisfeitos (fartos), como consumidores. Então é lançado outro produto cultural, fantástico, para você continuar ligado daquele mesmo jeito, quieto, observando...e esperando o próximo lançamento.
            De acordo com os críticos da indústria cultural, e de seu impacto no conjunto da sociedade, ela impõe padrões de cima para baixo, alienando e manipulando o cidadão. Como atividade industrial e comercial, ela está interessada, principalmente, nas vendas e não na formação do  indivíduo.
Ela foi contestada por um conjunto de movimentos, chamados de contracultura, que eclodiu em diversas partes do mundo, a partir do fim dos anos 60, como o movimento hippie e as rebeliões estudantis.
Os defensores das novas tecnologias não ignoram essa lógica. Acham, no entanto, que seus efeitos na cultura não são apenas maléficos. Julgam, por exemplo, que a indústria cultural permite, se não a democratização do conhecimento, ao menos uma ampliação extraordinária do acesso aos bens culturais. Por isso discordam de que seja tratada meramente como fator de alienação. Julgar que programas de televisão, computadores, filmes, noticiários e revistas determinam atitudes e valores da população equivale a desconsiderar a capacidade dos indivíduos de refletir, de ironizar e de criar novos significados para as mensagens veiculadas.
Seja como for, o importante aqui é não perder de vista que há diferentes tipos de práticas culturais. Embora essa caracterização das culturas eruditas, popular e de massa feita anteriormente seja meramente esquemática, ela ajuda a pensar  sobre suas diferentes perspectivas. Serve também para refletirmos sobre alguns problemas que decorrem  dos esquemas classificatórios, pois estes não explicam as transformações e as interações entre os diferentes tipos de cultura.
Basta um rápido exame, para ver como são movediças as fronteiras entre os tipos de cultura. A cultura popular pode ser oficializada, discutida e ensinada em universidades; exposta em museus e festivais no exterior; patrocinada pelo Governo e apresentada em ocasiões solenes. Ela torna-se clássica, quando seus criadores ganham a notoriedade de gênios e suas produções o prestígio de obras primas. Veja-se o caso de Aleijadinho e Mestre Ataíde e mais recentemente Manoel de Barros
Vimos que a indústria cultural apropria-se de diversos elementos da cultura erudita e popular e veicula-os. Quantas reproduções foram feitas das pinturas clássicas?
Não dá para desconsiderar o imenso e valioso patrimônio cultural, mas não há como abraçar tudo. Não há, tampouco, como negar a influência dos meios de comunicação, nem como dispensar seus recursos. Todavia, “diante da ação compacta dos meios de comunicação de massa, o  educador deve estar apto a utilizar os benefícios deles decorrentes e cuidar da instrumentalização adequada, para que sejam evitados os seus efeitos massificantes” (Aranha, 2000, p.3).
Como educador, ele deve lutar para que todos tenham acesso a todos os bens culturais e usufruam deles. Que não só os consumam, mas também os recriem. Fazer como sugeria o poeta Carlos Drummond de Andrade, que, ao pegar um livro velho, se procurasse sentir e incorporar “a substância inerente a toda criação do espírito: o desejo de alongar as fronteiras da existência, pela reflexão ou pelo sonho acordado”.


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